O Desespero Humano

Impossível não considerar o desespero de nossa alma tão humana.
Impossível descartar a inocência da inconsciência humana. Até mesmo da minha própria em tentar descrevê-la.

Dançamos em frente ao espelho.. Dançamos para os que desejamos e para quem odiamos. Sentimos nossos corações como centros do Universo. Podemos apostar nisso. Temos razão em tudo. Esse é o nosso ponto de vista. E, por ele podemos apostar. Sempre temos razão.

Nosso drama começa a se incendiar quando entramos em discordância entre o que queremos parecer que somos e o que sabemos que somos. Saber quem somos é assustador. Por isso criamos tantos artifícios de desfoque para a sociedade. Quanto mais fumaça no ambiente menos temos que ser quem realmente somos. Então conseguimos nos esconder por trás de nossos papéis sociais, profissionais e familiares, nossas ilusões de caráter, nosso comportamento exemplar, nossa atuação religiosa, nossa pobreza, descaso, nossa loucura. E continuamos a nos disfarçar pelo exercício de nossa força, nossas alucinações de poder, nossa equivocada noção de amor.

É impressionante como desconhecemos nossas próprias verdades. E como pretendemos julgar o que acreditamos ser a verdade do outro. Afinal de contas, precisamos do exercício desses prazerosos poderes. Senão não seremos humanos de verdade. E, como humanos, a imperfeição é inerente. Tentar a perfeição é nossa meta existencial. Porém, alcançá-la seria como reencontrar nossos cálices mais sagrados, e encarar nossa própria maldade e beleza.

Então perambulamos a vida em busca de nós mesmos… nos outros. Os outros se tornam cúmplices de nossas existências. Exatamente quando virtualmente nos aproximamos de nos encontrarmos no outro é que nossa natureza se torna impossível. Encontrarmos nós mesmos buscando nos encontrarmos no outro só é tão perfeito quanto é impossível. Porque o outro é, na verdade, uma concepção de nossa própria busca pessoal. Ele não existe senão em nossa própria angústia. E é na busca de nós mesmos no outro que passamos pertinho de nós mesmos, pertinho do retorno a nós mesmos. Mas, mobilizados pela cultura que defende que o prazer, a realização, a verdade, e que o amor está do fora de nós mesmos é que nos tornamos cegos à nossa própria beleza, e passamos bem pertinho de nós mesmos em direção à imagem do outro refletida em nossa fantasia de realização.

Quando olhamos no espelho, não vemos o vazio de nossa invisibilidade. Enfeitamos nossa carcaça pra que alguém tão desavisado quanto nós, emplaque seu impulso de realização na figura que dança à sua frente. E é o momento de nos sentirmos nós mesmos… embora naufragados nas ondas de nossas próprias inconsciências.. somos capturados pelo outro, que imagina ter encontrado sua própria imagem projetada, sem saber que a imagem que vê é também de um coração desesperado em se encontrar consigo mesmo. Então cantamos juntos nossos segredos comuns que se protegem e se realimentam de seus próprios sonhos, sabendo comuns, sabendo insolúveis e impossíveis, porque buscam a si mesmos na máscara criada sobre a imagem do outro.

por  André Luiz Braga Queiroz
Novembro de 2007

 

 

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Fortalecendo o Ponto de Partida

Na vida e nos relacionamentos…
Todos nós já percebemos que o amor é essencial para construir um lar harmonioso. Porém, às vezes sentimos que precisamos de algo mais que nos dê suporte aos nossos sentimentos. Algo que nos ajude a resgatar nossa segurança, nossa coragem e certezas.

A Psicoterapia pode trazer uma melhor qualidade à nossa vida individual e familiar. Ela nos ajuda a vencer a batalha emocional do dia-a-dia, e a superar as dores de um passado que, muitas vezes, ainda nos perturba, roubando-nos a alegria, a força e a paz.

Entre ondas e ventos..

A travessia pelas ondas do relacionamento.

Temos um lado muito sábio que nos impele ao confronto com nossos próprios monstros.. nossos terrores de rosto multifacetado que nos habita os porões esquecidos de nossa alma e, ao mesmo tempo, nos protege se ainda não estamos prontos.

Ao longo de nossa existência, vamos desconhecendo o brilho de nossa origem livre, criativa, expressiva, espontânea, sociável, guerreira, saudável e humana, rica em sentimentos e exuberância sensorial. Tudo isso parece ir sendo movido para os aposentos malditos de nossos porões mentais. E assim, acabamos levando uma vida incompleta de nós mesmos. 

Ouvimos os uivos de nossos prisioneiros… Sentimos seus arranhões nas paredes de nossa sala de cristais sociais… Negamos um grande percentual do que somos, pensando-nos livres em nossas decisões, sem nos darmos conta que vivemos acossados a correr de nós mesmos, a fugir de nossas próprias forças que confundimos, transtornados em fantasias de perseguição pelas ‘forças desconhecidas do mal e da destruição’. 

Porém, tenho você e, quando estamos bem um com o outro, posso esquecer de meus monstros. Me entrego a um certo torpor mental, automático e anestesiado dos meus medos. Porque estamos passando pelo topo das ondas. E, nesses momentos mágicos, tenho a certeza de que quase somos um só… eu em você, você em mim. 

Por isso te amo, por isso te rejeito. Você que aceita contracenar comigo no meu crescimento.. Ofereço meu amor também pra que você possa perdoar-me no quanto persigo em você as coisas que temo em mim mesmo. Ajuda-me a enxergar melhor o que preciso ver em mim. Perdoe-me se confundo tanto você comigo mesmo… No fundo, estou apenas procurando me entender..  Sabe, você reflete tão bem um lado meu que não estou pronto pra conhecer, que acabo me apaixonando por você… por você mesma. Porque você hospeda meu outro lado dentro de você. Um lado que amo e que desejo aceitar.

Sei também que tenho você dentro de mim.. E sei que, por isso, você também me ama tanto. Confundo meus defeitos com os seus.. Por isso estamos tão juntos! Posso ser seu reflexo… porque certamente eu tenho algo a completar você, e você a me completar. Respeito o que você não gosta em mim, porque sinto que é algo precioso pra nós dois. Vou respeitar minhas imperfeições e o que falta em mim, porque isso é cuidar de você também. Porque as julgo em você, embora você as tenha como forças suas. E, com sua ajuda, posso ir me conhecendo e me tornando melhor a cada dia.

Estamos dividindo uma embarcação e, às vezes juntos, temos que enfrentar tempestades. Gosto de quando decidimos juntos que direção tomar… Porque, mesmo que não tenhamos a mesma opinião, sabemos que, dessa forma, nosso barco não estará à mercê de ventos desgovernados. Às vezes decidimos juntos… às vezes seguimos um de nós dois. Às vezes brigamos… às vezes estamos bem. Assim é nossa viagem. Assim é a viagem humana… como uma sinfonia de ondas e ventos no mar.

por  André Queiroz – Maio 2010


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A Memória e o Trauma – artigo científico

A Expressão da Memória Subseqüente à Experiência Traumática e no Transtorno de Estresse Pós-Traumático TEPT

Resumo: Ao longo deste artigo de revisão serão abordados estudos relativos a basicamente dois planos importantes, não necessariamente distintos, que se intercalam e que envolvem a participação das experiências de impacto emocional nos processos de memória. Primeiramente, a caracterização da qualidade e fluidez dos processos de memória, em decorrência do estado emocional alterado freqüente ao período subseqüente à experiência traumática, e em função dos sintomas do TEPT (transtorno de estresse pós-traumático), ou seja, como os processos de codificação, consolidação e recuperação podem ser beneficiados ou prejudicados em função das alterações neurofisiológicas provocadas pela experiência traumática. Paralelamente, destacaremos também as características da reconstituição de uma experiência emocionalmente impactante, os efeitos do tempo sobre a retenção e consolidação da memória da experiência negativa, e os importantes aspectos neurofisiológicos que envolvem o período que se segue à experiência traumática.

por André Lubec
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O Coração e a Circulação

Thorwald Dethlefsen  &  Rüdiger Dahlke

Pressão Sanguínea Baixa – Pressão Alta
(Hipotonia – Hipertonia)

O Sangue é o símbolo da vida. O sangue é o portador material da vida e expressão da individualidade. O sangue é um “suco muito especial” – é o suco vital. Cada gota de sangue contém o ser humano como um todo: eis o motivo do grande significado do sangue em todos os rituais de magia. É por isso que os radiestesistas que usam pêndulos se utilizam de uma gota de sangue como “testemunha”, o que permite que se faça, a partir dela, um diagnóstico total.

A pressão sanguínea é a expressão do dinamismo de um ser humano. Ela se constitui a partir das trocas entre o comportamento do sangue fluido e o comportamento das vias sangüíneas enquanto continentes desse fluxo. Ao analisar a pressão sangüínea devemos sempre levar em conta estes componentes antagônicos: por um lado o que flui, o líquido e por outro o limite e a resistência das paredes dos vasos. Se o sangue corresponde ao próprio ser, as paredes dos vasos são os limites pelos quais se orienta o desenvolvimento da personalidade, a fim de enfrentar a resistência, os obstáculos que impedem seu desenvolvimento.

Pessoas cuja pressão sangüínea é excessivamente baixa (hipotonia) não são capazes de enfrentar esses limites. Elas nem tentam enfrentar os obstáculos, evitam todas as resistências – nunca vão até os limites. Assim que uma pessoa como essa se vê diante de um conflito, ela depressa se retrai; pelo mesmo critério, também o sangue o faz, a ponto de ela sofrer um desmaio. Portanto, essa pessoa renuncia ao poder (aparentemente!), retrai o sangue e perde a consciência, deixando de assumir as próprias responsabilidades; ela se entrega. Quando perde a consciência, ela se retira do mundo consciente para o mundo inconsciente e, desta forma, nada mais tem a ver com os problemas que teria de enfrentar. Os problemas deixam simplesmente de existir. Trata-se de uma situação semelhante à que se vê nas operetas: a dama flagrada pelo marido numa situação embaraçosa desmaia imediatamente e todos os envolvidos na situação esforçam-se para fazê-la recobrar a consciência com a ajuda de água, de ar fresco e de sais para cheirar. Pois de que adianta uma briga, se a principal responsável se refugia em outro nível e, dessa forma, renuncia de um golpe à responsabilidade?

Em geral, pessoas hipotônicas são literalmente incapazes de “suportar”: não suportam uma coisa, não suportam ninguém, não suportam nada, faltar-lhes a firmeza e a estrutura corretas. Qualquer exigência as abate e elas desmaiam. Os que estão ao seu redor têm de erguê-las pelos pés para que mais sangue aflua à cabeça – o centro do poder – de forma a fazê-las recuperar as forças, conseguir que se controlem e assumam suas responsabilidades. Inclusive a sexualidade é um dos âmbitos de que as pessoas com pressão sangüínea baixa fogem, visto que a sexualidade depende bastante de tal pulsação do sangue.

Além disso, ainda é freqüente nas pessoas hipotônicas o quadro de anemia pois, na maior parte das vezes, elas sofrem de carência de ferro no sangue. Disso resulta que a transmutação da energia cósmica (prana) que obtemos com a respiração fica perturbada. A anemia revela uma recusa em usar o poder da energia vital disponível, impedindo assim que esta seja transformada em força ativa. Eis aí outro exemplo de como a doença pode ser usada como álibi para a própria passividade. Os hipotônicos carecem do impulso vital necessário.

Todas as medidas terapêuticas significativas para a elevação da pressão sangüínea estão sem exceção associadas, em maior ou menor grau, a vários métodos de introdução de energia no organismo, e só funcionam enquanto essas prescrições forem seguidas à risca: lavagens, escovações, andar na água, exercícios físicos, manutenção da forma através de ginástica, uso da terapia de Kneipp. Tudo isso eleva a pressão sangüínea porque a pessoa faz alguma coisa e transforma a energia em fato orgânico. Sua utilidade cessa no momento em que se abandonam esses exercícios. Resultados duradouros só podem ser esperados de uma modificação na filosofia de vida.

O problema oposto é o caso da pressão sangüínea alta demais (hipertonia). Sabemos, através de pesquisas experimentais, que o pulso e a pressão do sangue se elevam não só no caso de um aumento da atividade física, mas também no de um mero pensamento sobre essa atividade. A pressão sangüínea também sobe quando uma situação de conflito parece ser inevitável durante uma conversa, e desce outra vez de imediato quando a própria pessoa implicada fala sobre o conflito, verbalizando-o. Esse conhecimento, obtido na prática, é uma boa base para entendermos o que há por trás da pressão alta. Quando a pressão sobe, sempre se imagina um esforço, sem que essa atividade motora de fato exista e seja descarregada; o que acontece literalmente é uma “pressão contínua”. Neste caso, as pessoas envolvidas produzem em seu interior uma excitação a longo prazo, induzida pela própria imaginação, e o sistema circulatório mantém essa excitação duradoura na expectativa de que ela seja eventualmente transformada em ação. Mas, se essa ação não é materializada, o paciente vive “sob pressão”. Para nós é de grande importância neste ponto o fato de que a mesma relação se aplica no que se refere ao conflito. Visto que sabemos que a simples menção de um conflito pode causar um aumento de pressão, que pode ser simplesmente revertida ao se falar sobre o mesmo, vemos com clareza que os hipertônicos estão sempre em situações conflitantes, sem, no entanto, arranjarem uma solução para as mesmas. Elas “ficam por perto do conflito” mas não o resolvem. O aumento da pressão sangüínea tem sentido fisiológico exatamente na exigência de liberar temporariamente mais energia, para os hipertônicos poderem enfrentar melhor e com mais vigor as tarefas e os conflitos que têm diante de si. Quando isso acontece, a solução usada esgota o excesso de energia e a pressão cai para o nível normal. Já os hipertônicos que não resolvem seus conflitos não esgotam o excesso de pressão disponível. Preferem refugiar-se numa “atividade” superficial, tentando enganar através dela a si mesmos e aos outros, esquivando-se do confronto com o conflito.

Podemos ver que tanto os hipotônicos como os hipertônicos fogem dos conflitos, embora usem táticas diferentes. O hipotônico foge na medida em que se retrai para a inconsciência; o hipertônico se desvia e afasta o ambiente gerador do conflito através de uma atividade exagerada e de um funcionamento supérfluo. Ele foge através de uma ação excessiva. No que se refere a essa polaridade, encontramos casos de pressão baixa com mais freqüência entre as mulheres, ao passo que a pressão alta é mais freqüente nos homens. Além disso, a pressão alta é um indício de que existe agressividade reprimida. A animosidade fica por sua vez só na imaginação e assim a energia gerada não é descarregada através de uma ação. A esse comportamento o homem dá o nome de autocontrole. O impulso agressivo leva à pressão alta, o autocontrole faz os vasos se contraírem. Assim pode-se manter a pressão sob controle. A pressão do sangue e a resistência à pressão que as paredes dos vasos oferecem levam ao aumento da pressão. Mais adiante veremos como essa postura de agressividade controlada leva ao infarto do coração.

Conhecemos ainda a pressão alta ocasionada pela idade, que está associada ao endurecimento das paredes dos vasos. O sistema venoso tem como tarefas a transmissão e a comunicação. Se a flexibilidade e a elasticidade desaparecem com a idade, a comunicação cessa e aumenta a pressão interior, o que é inevitável.

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O Coração

A batida cardíaca é um acontecimento amplamente autônomo que, sem nenhum tipo de treinamento (por exemplo, de biofeedback), está além do alcance da intervenção voluntária. Esse ritmo sinódico é a expressão de uma regra bem rígida do corpo. O ritmo cardíaco se assemelha ao ritmo respiratório, sendo que este último está muito mais sujeito à intervenção deliberada. O batimento cardíaco é um ritmo harmônico e estreitamente controlado. Se, durante o funcionamento rítmico, o coração de repente bater mais devagar ou se acelerar, estará acontecendo um distúrbio da ordem cardíaca, ou seja um desvio do equilíbrio normal.

Se levarmos em conta os vários usos idiomáticos da palavra coração, veremos que ela sempre esta associada a situações de cunho emocional. Uma emoção é algo que o ser extravasa, é um movimento que parte de seu íntimo (do latim, emovere = mover para fora de si mesmo).  Diz-se: meu coração pula de alegria – meu coração parou de tanto medo – meu coração está prestes a estourar de alegria – meu coração parece querer saltar do peito – meu coração ficou entalado na garganta – sinto um peso no coração – eu a tinha perto do coração – o seu coração levou a situação muito a sério. Se falta a uma pessoa esse lado emocional que independe da razão, ela dá a impressão de ser impiedosa (sem coração). Se dois amantes se casam, dizemos: eles uniram seus corações. Em todas essas expressões, o coração é o símbolo de um centro do ser humano que não é controlado nem pelo intelecto, nem pela vontade.

Não se trata apenas de um centro, mas do centro do corpo; ele está virtualmente no meio, apenas um pouco deslocado para a esquerda, na direção da metade corporal vinculada ao “sentimento” (que corresponde ao hemisfério direito do cérebro). Ele está exatamente no lugar para onde apontamos quando queremos mostrar quem somos. O sentimento e, em especial o amor, estão intimamente associados ao coração, como nos mostram as expressões já citadas. Temos um “coração de criança” quando gostamos delas. Quando guardamos alguém no coração nos abrimos para essa pessoa e a deixamos entrar. Somos pessoas de “bom coração” quando estamos preparados para nos abrir e a entregar generosamente nosso afeto aos outros; as pessoas reservadas, ao contrário, são as que não ouvem a voz do coração, são limitadas e frias. Essas nunca dariam de coração, pois teriam de se entregar. Ao contrário, controlam-se para que seu coração nada perca – é por isso que fazem tudo só com “meio coração” (não se dedicando sinceramente). Por outro lado, a pessoa de coração mole arrisca-se a uma entrega irrestrita e seu afeto não tem limites.

Esses sentimentos mostram a personalidade da pessoa que se afasta da polaridade afetiva (e exige que tudo tenha finalidades e limites).

Encontramos ambas as possibilidades simbolizadas no coração: nosso coração anatômico é dividido em duas partes pela parede divisória interna, de tal forma que o próprio batimento cardíaco é caracterizado por um som duplo. Na hora do nascimento, no exato momento em que respiramos pela primeira vez, entrando assim para o mundo da polaridade, a parede divisória se fecha automaticamente por uma ação reflexa, e uma grande câmara, com uma circulação, de repente se tornam duas; muitas vezes o recém-nascido sente isso com desespero. Por outro lado, o símbolo do coração – como atesta o desenho espontâneo de todas as crianças – tem um traçado típico de duas câmaras arredondadas se unindo num único ponto. Da duplicidade surge a unidade. É assim que o coração também significa para nós um símbolo de amor e união. É isso que queremos dizer quando afirmamos: a mãe leva o filho no coração. Anatomicamente essa expressão não teria sentido: no caso, o coração está apenas servindo de símbolo para nosso centro amoroso e, portanto, não tem importância alguma se ele fica na parte superior ou inferior do corpo enquanto o feto cresce no interior do corpo.

Podemos até mesmo afirmar que os seres humanos têm dois centros: um superior e outro inferior – cabeça e coração, entendimento e sentimento. De uma pessoa “perfeita” esperamos que ela tenha ambas as funções em equilíbrio harmonioso. A pessoa puramente intelectual causa uma impressão unilateral e fria. O ser humano que só vive dos sentimentos nos parece muitas vezes caótico e desorganizado. Só quando ambas as funções se completam e se enriquecem mutuamente é que a pessoa nos parece “inteira”.

As várias expressões em que se menciona o coração deixam claro para nós que, aquilo que perturba o seu batimento fazendo-o descompassar, sempre envolve emoções, seja o choque que acelera o batimento ou ocasiona a parada cardíaca, seja o prazer ou amor que podem acelerar o ritmo do coração a ponto de ele dar a sensação de que vai saltar pela boca: podemos literalmente sentir e ouvir o coração batendo. O mesmo acontece nas perturbações do ritmo do batimento cardíaco físico; nesse caso a emoção correspondente não pode ser vista. E é nisso, na verdade, que está o problema: as perturbações cardíacas costumam atacar aquelas pessoas que não estão preparadas para serem sufocadas por uma “antiga emoção” que as arranca da rotina corriqueira. Nesses casos, a perturbação cardíaca acontece pelo fato de faltar segurança às pessoas que se deixam envolver por suas emoções. Elas se apegam ao raciocínio e a um estilo habitual de vida e não estão dispostas a permitir que essa rotina seja perturbada por sentimentos e emoções. Não desejam que a regularidade de sua vida seja perturbada por extravasamentos emocionais. No entanto, nesses casos, a emoção apenas se somatiza e o coração começa a apresentar problemas por conta própria. O batimento cardíaco se acelera e força tais pessoas a “ouvir seus corações”!

Em circunstâncias normais não temos consciência do nosso batimento cardíaco. No entanto, podemos senti-lo e ouvi-lo em condição de estresse, quando ficamos emocionados ou doentes. A batida cardíaca chama nossa atenção consciente só quando algo é excitante ou se grandes modificações estiverem prestes a ocorrer em nossa vida. Eis aí a chave para descobrirmos e entendermos todos os nossos problemas cardíacos: os sintomas cardíacos nos forçam a “ouvir nossos corações” outra vez. Os pacientes cardíacos são pessoas que ouvem unicamente suas cabeças e para quem o coração não tem quase nenhuma importância. Esse fenômeno é bastante evidente nos pacientes cardiofóbicos. Por “cardiofobia” entendemos um medo fisicamente infundado acerca da atividade do próprio coração, que pode levar a uma atenção mórbida e exagerada ao coração. (Essa doença também se chama cardioneurose.) O medo da batida cardíaca é tão grande no caso dos cardioneuróticos que eles se declaram dispostos a modificar todo o seu estilo de vida.

Ao considerar essa forma de comportamento, podemos notar outra vez o grau de sabedoria e de ironia com que atua a doença. O cardiofóbico é continuamente forçado a observar seu coração e a subordinar toda sua vida às necessidades do mesmo. Nesse processo, ele vive sob um medo constante de que seu coração possa parar algum dia e, assim, ele ficar “sem coração”. A cardiofobia os força a levar sua atenção consciente ao próprio centro do coração. E quem deixaria de rir “de coração” dessa  situação?

O que acontece no nível psicológico dos cardioneuróticos é um processo que no caso da angina pectoris já se instalou profundamente no nível físico. As artérias que levam o sangue ao coração estão endurecidas e estreitadas e, assim, o coração não recebe mais os nutrientes de que necessita. De fato, não há muito o que interpretar nesse ponto, visto que todos sabem o que esperar de pessoas com coração “endurecido” e “empedernido”. A palavra angina significa, literalmente, aperto e conseqüentemente angina pectoris significa aperto no peito (coração). Enquanto o cardioneurótico ainda sente diretamente esse aperto como medo, este se manifesta de forma concreta como angina pectoris. Um simbolismo original é demonstrado aqui pela medicina acadêmica em sua terapia: dá-se ao cardíaco, em casos de emergência, cápsulas de nitroglicerina (por exemplo, “sublingual”), portanto, explosivos. Com tal substância dinamita-se o aperto para arranjar espaço no coração do doente a fim de que ele permaneça vivo. Os cardíacos têm medo de sofrer com o coração – e têm toda razão!

No entanto, há pessoas que ainda assim não entendem o desafio. Quando o medo de ter sensações ou sentimentos se torna grande demais, a ponto de a pessoa só confiar numa regra absoluta, ela se submete à instalação de um marcapasso. Nesse caso, o ritmo vivo é substituído por uma máquina rítmica, uma espécie de metrônomo (o metro está para o ritmo como a morte representa para a vida!). O que até então era feito pelo sentimento, é assumido pela máquina. Perde-se de fato a flexibilidade de adaptação do ritmo cardíaco, mas, em compensação, os sobressaltos de um coração vivo deixam de representar uma ameaça. Quem tem um coração “apertado” é vítima de suas forças egóicas e de sua ânsia de poder.

Todos sabem que a pressão alta representa um precedente bastante ameaçador para o infarto do coração. Já vimos que o hipertônico é uma pessoa agressiva que reprime a própria agressividade através do autocontrole. Essa estagnação de energia agressiva se descarrega por meio do infarto; o coração parece despedaçar-se. O colapso cardíaco é a soma de todos os socos que não foram dados. No caso do infarto do coração a pessoa pode entender muito bem a antiga sabedoria que diz que dar valor excessivo ao eu e prestigiar sem limite os próprios desejos de poder nos separa do fluxo dos vivos. Só um coração rígido pode se quebrar!

No caso de perturbações e doenças cardíacas devemos fazer as seguintes perguntas:

  1. Há equilíbrio entre meu coração e minha cabeça, entre a compreensão e o sentimento? Eles estão em harmonia?
  2. Dou espaço suficiente para meus próprios sentimentos, me atrevo a demonstrá-los?
  3. Vivo e amo de todo coração ou apenas participo, sem grande entusiasmo?
  4. Minha vida transcorre num ritmo animado ou a forço a adotar um ritmo rígido?
  5. Ainda há combustível e explosivos suficientes em minha vida?
  6. Tenho escutado a voz de meu coração?

. por Thorwald Dethlefsen  e  Rüdiger Dahlke

A Doença como Caminho
Livro da Editora Cultrix – 2007

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A Família como Sistema

Genograma – O Diagrama da Família

Murray BowenO diagrama da família, desenvolvido por Murray Bowen, simboliza um organismo vivo, o sistema familiar multigeracional emocional. Mais do que qualquer outro símbolo, o diagrama anuncia a necessidade de mudança de paradigmas, ir além de um modelo de causa-e-efeito individual a um com várias pessoas, o modelo de sistemas para a compreensão do comportamento humano. O diagrama representa muito mais do que a genealogia, que representa as conexões emocionais profundas entre as gerações. As pessoas nascem e morrem, mas o passado da família vive no presente.
Os Genogramas são lidos em ordem cronológica, da esquerda para a direita: o filho mais velho de uma família mais distante aparece à esquerda. Os homens são representados por quadrados, as mulheres por círculos. Quando as informações sobre a vida de uma pessoa é coletada, adicionadas ao diagrama básico e, sobre ela se faz uma reflexão, a vida adquire um novo entendimento e um novo significado.

inhttp://www.thebowencenter.org

Você tem um Coach?

Relações entre Coaching, Counseling e Psicoterapia

Coaching
É um trabalho tendencialmente orientado para o futuro, focado no estabelecimento e o alcance de metas e objetivos validados pelo próprio cliente, dentro de sua escala de valores, para o desenvolvimento de suas competências específicas. Um trabalho objetivo, focado nas ações e resultados do cliente.

Counseling
Counseling (ou Counselling) – do Inglês: counseil, do Latin cōnsilium, termo originalmente usado por Frank Parsons em 1908:  consultar, ter consulta.
Tende a ser focado igualmente no passado, presente e futuro, no sentido de solucionar problemas individuais, porém menos focado nos aspectos psicopatológicos do que a Psicoterapia.
Através de uma integração entre teoria, pesquisa e prática, e atenta às demandas multiculturais, a especialidade Counseling abrange um amplo rol de rotinas que promovem o bem-estar pessoal, aliviam a angústia, o estresse, a infelicidade no trabalho, aumentando a capacidade individual de desenvolver e manter uma melhor qualidade de vida pessoal, profissional e familiar.

Em outras palavras, Counseling é um processo de ajuda, beneficiado pelos ingredientes práticos e funcionais do coaching, e a flexibilidade emocional da dinâmica psicoterápica.

Counseling é uma atividade qualificada, de uso exclusivo de profissionais graduados nas ciências humanas com foco na saúde mental como Psicologia e Psiquiatria, e pode envolver aspectos profundos da psique humana em sua abordagem prática, intelectual e emocional.

Psicoterapia
Tende a lidar mais frequentemente com indivíduos mais seriamente afetados por históricos traumáticos, quadros de ansiedade, dificuldades relacionais, depressão ou transtornos de personalidade.
A distinção entre os trabalhos de Counseling e Psicoterapia não é tão difícil, porém não pode ser desprezada. São procedimentos específicos de profissionais da saúde mental, como Psicólogos e Psiquiatras, e são dimensões que eventualmente se combinam.
Diferentemente, o Coaching, que pode ser praticado por qualquer classe profissional, desde que devidamente certificado por órgão competente na atividade, como o ICF – International Coach Federation,  e a FBC – Federação Brasileira de Coaching,  é percebido como um processo mais pragmático que se limita ao “treinamento” de habilidades executivas e competências pessoais, de maneira mais direta e menos contemplativa da riqueza psicodinâmica do indivíduo.

Coaching, Counseling e Psicoterapia são todos mobilizadores do auto-desenvolvimento como fonte de mudança, porém atuando em diferentes aspectos e intensidades.

Esta visão dimensional de atendimento ao cliente adotada por Lubec Psicologia & Coaching,  em sua concepção sistêmica, representa uma abordagem adaptativa que funciona sob medida, considerando a diversidade de circunstâncias, históricos e necessidades específicas de cada cliente.

Como funciona o Coaching?

O que é Coaching?

Coaching é um trabalho objetivo de prospecção das competências pessoais, estimulação e organização de frentes de desenvolvimento, com foco na melhora da inteligência do comportamento individual e performance profissional. Fazer Coaching é decidir obter o melhor de si mesmo, em seu trabalho, em seus relacionamentos. Capacita a pessoa ou profissional para o uso de suas forças e recursos internos, ajudando-o  a desenvolver suas habilidades interpessoais, para superação de obstáculos, alcance de objetivos e crescimento pessoal e profissional.

“Coaching é sobre mudança, sobre efetuar mudanças. Um coach é um mágico da mudança que apanha suas cartas e ajuda-o a obter uma mão melhor, ou, às vezes, a mudar as regras do jogo, ou encontrar um melhor jogo. Mudanças partem de um sonho de algo melhor. Quando atingimos um sonho, olhamos para frente e sonhamos novamente.” Andrea Lages & Joseph O’Connor

“Coaching é uma relação de parceria que revela/liberta o potencial das pessoas de forma a maximizar o desempenho delas. É ajudá-las a aprender [de si] ao invés de ensinar algo a elas…” Timothy Gallwey

Vantagens do Processo de Coaching

Para a Pessoa:

  • Conhecer e perseguir os objetivos que realmente o motivam:
    Escolher metas e objetivos é uma arte. O Coach investe tempo para ajudá-lo a clarificar seus valores mais importantes e, dessa forma, o que irá motivá-lo a alcançá-los. O trabalho irá lhe trazer a segurança de que você tem algo sólido sobre o qual se apoiar e construir sua mudança.
  • Alcançar mais rapidamente seus objetivos, projetos e metas:
    Uma razão importante para contratar um Coach é a economia de tempo. A assessoria de um Coach o permite aprender como se tornar mais efetivo, mais eficiente e mais produtivo em tudo que fizer.  O processo de Coaching irá ajudá-lo a focar suas ações, tornando-o mais consciente e menos disperso, acelerando seu processo de mudança para resultados em menor prazo.
  • Com o acompanhamento de um Coach você acerta mais:
    O Coach irá ajudá-lo a ter uma visão externa e sistêmica de seus desafios e de seus recursos, levando-o a sua melhor compreensão, para melhor tomada de decisão. Nos últimos anos, de forma crescente, cometer erros tem representado custos pessoais e profissionais cada vez mais significativos. Dessa forma, a contratação de um Coach, tem se tornado um investimento cada vez mais indispensável.
  • O benefício de uma assessoria pessoal e sigilosa para o seu desenvolvimento:
    Tempo é um ingrediente precioso para os negócios e investimentos pessoais. Nosso programa de Coaching lhe propicia um acompanhamento one-to-one privativo e continuado. Nossos atendimentos são feitos pessoalmente ou por canais de voz (telefone, internet, etc.), assistindo-o de perto, na aplicação de seus próprios recursos, para o seu máximo benefício, no menor prazo possível.

Para o Estudante:

  • Coaching  para projeto de vida e delineamento profissional:
    Durante o período de desenvolvimento escolar, o estudante enfrenta um turbilhão de novas experiências, que geram muitas descobertas. É também uma fase de grande atividade em seu processo de maturação emocional, na consolidação do uso de suas forças executivas, seu caráter e suas habilidades de relacionamento. Entretanto, o surgimento de tantos desafios pode exceder suas capacidades de resiliência e reelaboração emocional, bloqueando sua produtividade e suscitando comportamentos indesejáveis, em oposição às suas referências cognitivas e vocações naturais positivas.
  • O  Coaching Acadêmico envolve um trabalho de estruturação:
    Estimulação e organização de um plano de desenvolvimento, com foco em melhores estratégias individuais, além do esboçamento de um projeto profissional congruente com os talentos do estudante. Fazer Coaching é decidir resgatar o melhor de si mesmo e de suas decisões, agindo agora, orientado para o futuro, mirando em alcançar metas e objetivos reais  radicados em valores pessoais relevantes, para a obtenção de resultados consistentes.

Para a Organização:

  • Coaching fomenta o Empreendedorismo e a Iniciativa do colaborador:
    Através de Coaching, bons empregados aprendem a tomar iniciativa, se tornam mais auto-dirigidos para assumirem maiores responsabilidades e se tornarem colaboradores mais valiosos.
  • Coaching é uma Ponte de Transição:
    O Coach pode ser a transição entre as velhas estruturas à medida que elas se convertem em novas. Durante períodos tanto de downsizing ou de expansão, o Coach pode ajudar na dinâmica de integração, facilitar e abreviar os períodos mais críticos de reajustamento organizacional.
  • Coaching constrói Melhores Equipes:
    O Coach, livre de envolvimentos políticos, hierárquicos, ou de disputa de poder, está habilitado a ajudar mais efetivamente a equipe de trabalho, num menor período de tempo evitando, dessa forma, uma ocasional inabilidade ou influência de líderes internos no processo de crescimento. O processo confere mais poder e encorajamento da equipe e a criação do auto-gerenciamento de profissionais e equipes.
  • Coaching  gera resultados imediatos e reestruturação futura:
    Um Coach pode ajudar profissionais participantes do processo a aplicar suas novas competências diretamente em suas tarefas diárias, de forma significativamente reforçadora do valor de suas conquistas e do aumento da produtividade da organização. Neste sentido, o processo de Coaching traz à organização recursos expressivos que podem embasar sua reestruturação estratégica.

Síndrome da Alienação Parental

texto de André Lubec

A Alienação Parental Provocada ocorre entre pais em desajuste ou que se separam, e envolve um movimento parcialmente consciente de preservação do sentimento de importância individual junto aos filhos, em detrimento da importância atribuída ao parceiro. O significado e a importância do papel da Mãe ou do Pai podem ficar, entre si, ameaçados no desenrolar de uma crise ou rompimento familiar, levando-os a utilizarem, junto aos filhos, subterfúgios poderosos em substituição ao diálogo e à consciência de cada um sobre a qualidade do relacionamento.

A Síndrome da Alienação Parental envolve uma ação determinada e recorrente no sentido de preservar seu papel de pai ou de mãe, utilizando para isso um ataque indefensável à parte alienada, com o objetivo de adquirir a cumplicidade dos filhos que, não obstante, serão suas maiores vítimas. Porém, o cônjuge sob alienação sofre tanto quanto seus filhos, pelo seu afastamento, sua impossibilidade de uma relação construtiva com eles, a destruição da confiança, e a mortificação de sua imagem e das perspectivas de uma relação enriquecedora entre eles.

Os efeitos do processo de Alienação Parental podem ser arrasadores para desenvolvimento e manutenção da qualidade dos vínculos familiares. E se torna mais crítico após uma separação. Seus efeitos serão mais prejudiciais quando tudo acontece de maneira velada ou não verbalizada, conduzindo o filho à impossibilidade de contextualizar e raciocinar sobre o que ele percebe, e sobre o que não percebe.

Isso acontece porque a parte alienadora utiliza linguagens subliminares que se desviam da capacidade cognitiva da criança, atingindo em cheio o seu lado emocional. Então ela registra viceralmente referências distorcidas a respeito do genitor alienado. Ela passa a rechaçá-lo de formas e intensidades diferentes, que variam do nível de suas idéias (que serão percebidas, de forma distorcida, como inadequadas ou sem valor), até a rejeição aos seus hábitos e comportamentos, seu caráter, sua imagem e sua presença.
André Lubec.

Informe-se mais sobre este assunto que é muito comum e pouco percebido como corrosivo às relações familiares. Assista e comente sobre a entrevista com a Terapeuta Familiar Dra. Marília Couri:


A Morte Inventada – trailler do documentário:


Entrevista com a  Dra. Marília Couri (Terapeuta Familiar) – TV Senado:

Psicoacústica

Psicoacústica – A Percepção do Som

Depois que as ondas de um som alcançam seus tímpanos, algo mágico começa.  Quando você está consciente de um som, seu ouvido e cérebro trabalham juntos na difícil tarefa de selecionar  sobre qual som prestar atenção, o que talvez o esteja emitindo, onde está localizado, se está se movendo, e muito mais.

A seguir, alguns dos importantes trabalhos de processamento que você realiza rotineiramente de forma inconsciente.


Localização de um Estímulo Auditivo:

Quando você escuta um som, pode imediatamente virar sua cabeça e ficar de frente para ele. Você, provavelmente, pode garantir isso, mas não o faria se soubesse da inacreditável quantidade de cálculos que seu cérebro faz para realizá-lo. Cientistas estão descobrindo que você constrói um modelo espacial no seu cérebro, que é atualizado constantemente, utilizando o som assim como a visão. Este processamento sonoro é muito semelhante ao dos morcegos.

Para localizar os sons nesse modelo o cérebro recolhe constantemente informações de uma variedade de fontes:

Que tipo de espaço físico você está inserido? Quando você ouve um som, ele tem uma “assinatura” que é única. Ele chega ao seu ouvido e recebe uma ‘impressão digital’ e, um milissegundo depois, uma família de outros sons que carregam a mesma assinatura chega sob a forma de reflexos. Primeiramente, eles são associados com o primeiro, que criou a assinatura, de modo que os ruídos não significativos em torno de você podem ser ignorados.

Então, calculando a direção destas chegadas atrasadas, quanto tempo eles foram atrasados e de que maneira suas assinaturas foram borradas ou distorcidas (se tornando menos precisas), então você estará apto a dizer muito sobre em que tipo de ambiente você se encontra. Por exemplo, você pode saber se você está numa pequena sala com grandes superfícies duras, Para chegar a essa conclusão, seu cérebro teve que determinar as direções do som original e a forma como ele ecoou na sala.

Isso não é realizado de maneira simples. Seu cérebro levou em consideração pelo menos 3 diferentes tipos de informação para calcular a direção. Primeiro, um ouvido escutou o som com volume alto porque sua cabeça criou uma “sombra do som” e bloqueou o ouvido para sons mais distantes. Segundo, a parte da sua orelha que se projeta  para fora de sua cabeça, modifica o som de formas específicas que dão as dicas em relação à direção de origem do som. E, por último, seu cérebro calcula a coisa da fase: quanto tempo houve de atraso entre as ondas que chegam na orelha esquerda em comparação com a orelha direita? Seu cérebro então, inconscientemente, aplica essa fórmula para o que você acabou de experimentar.

E você achou que era ruim em matemática? Nosso cérebro é muito mais sagaz e eficiente do que imaginamos, e realiza um trabalho inimaginável de cálculos em frações de segundos.

por Humphreys – Speaker Engineer of the Aperion University


O que acontece quando estamos mudando

Tudo que está fora de nós, por exemplo, a economia mundial, o clima predominante em nosso ambiente profissional, familiar e social e tudo o mais que acontece ao nosso redor pode influenciar nossas questões mais íntimas. E claro, o que acontece dentro de nós, emoções, medos, expectativas e idéias também nos influencia o tempo todo.

Existem duas manifestações básicas neste planeta vivo. Uma delas é a MUDANÇA e a outra a ESTABILIDADE. Tanto mudança quanto estabilidade são importantes em nossa trajetória de evolução, seja pessoal ou profissional.Mas o que precisamos perceber com muita lucidez é o momento certo de manter uma condição (ESTABILIDADE) e o momento certo de provocar alterações (MUDANÇA).

ESTABILIDADE significa um estado de constância ou homeostase, manutenção do equilíbrio, seja ele um equilíbrio sadio ou patológico (às vezes podemos manter uma situação não sadia em equilíbrio).

Já a manifestação da MUDANÇA conduz à perda da estabilidade ou equilíbrio. É um desvio da tendência pré-existente. Pode ser bastante incômodo num primeiro momento.

Há pessoas, e você deve conhecer alguma, que procuram manter-se sempre em ESTABILIDADE. Todo o movimento dessas pessoas as leva à manutenção de uma mesma condição já adquirida. Muitas vezes precisamos preservar de forma estável aquilo que já alcançamos. É seguro manter em equilíbrio muitas situações em nossas vidas. Principalmente se são pilares para nossa sustentação.

Mas, viver o desequilíbrio da MUDANÇA, um estado que nos tira o chão ou nos ameaça por algum tempo, pode descortinar surpresas muito interessantes. Pessoas que se lançam ao novo ou desconhecido, abrindo mão da estabilidade temporariamente podem alavancar novas idéias e acelerar sua maturidade.

Não há como pensar em caminhar sem por um momento mover um pé à frente, ficando frações de segundos em desequilíbrio, com o pé no ar. Essa é a situação a que podemos chamar de Estado Transiente.

Viver o estado transiente é uma opção típica das pessoas neófilas, ou seja, receptivas ao novo. Pode ser uma condição vivida dentro de um processo terapêutico e patrocinada pelo próprio paciente.

Quando se consegue experimentar o Estado Transiente dentro de um processo psicoterapêutico há mais chance de mudanças qualitativas e profundas. O trabalho nesse caso é conjunto e mesmo que haja alguma dor psíquica, há o continente e o suporte do psicoterapeuta. Doer sozinho é sentir em dobro.

A psicoterapia nos ajuda a ESCOLHER o que deve ficar ESTÁVEL e o que deve manter-se em MUDANÇA em nossa vida. E nos instrumentaliza para gerenciar áreas de estabilidade simultâneas a grandes mudanças. Estamos continuamente em obras.

por Christina Queiroz
Consultora, Coach e Psicóloga Clínica especializada pela FGV em Administração de Recursos Humanos; Certificação Internacional em COACHING pela ICC- International Coaching Comunity;  Especialização em Abordagem Humanistica Centrada na Pessoa; Análise de Caráter Reichiana.
Saiba mais sobre Christina Queiroz:
www.clinicadepsicoterapia.com.br

www.saopauloominium.com.br
 

The Science of Mother Love

by Cori Young


A growing body of scientific evidence shows that the way babies are cared for by their mothers will determine not only their emotional development, but the biological development of the child’s brain and central nervous system as well. The nature of love, and how the capacity to love develops, has become the subject of scientific study over the last decade. New data is emerging from a multitude of disciplines including neurology, psychology, biology, ethology, anthropology and neurocardiology. Something scientific disciplines find in common when putting love under the microscope is that in addition to shaping the brains of infants, mother’s love acts as a template for love itself and has far reaching effects on her child’s ability to love throughout life.

To mothers holding their newborn babies it will come as little surprise that the ‘decade of the brain’ has lead science to the wisdom of the mother’s heart.

According to Alan Schore, assistant clinical professor in the department of psychiatry and biobehavioral sciences at UCLA School of Medicine, a major conclusion of the last decade of developmental neuroscience research is that the infant brain is designed to be molded by the environment it encounters.1 In other words, babies are born with a certain set of genetics, but they must be activated by early experience and interaction. Schore believes the most crucial component of these earliest interactions is the primary caregiver – the mother. “The child’s first relationship, the one with the mother, acts as a template, as it permanently molds the individual’s capacities to enter into all later emotional relationships.” Others agree. The first months of an infant’s life constitute what is known as a critical period – a time when events are imprinted in the nervous system.

“Hugs and kisses during these critical periods make those neurons grow and connect properly with other neurons.” Says Dr. Arthur Janov, in his book Biology of Love. “You can kiss that brain into maturity.”

Hormones, The Language of Love
In his beautiful book, The Scientification of Love, French obstetrician Michel Odent explains how Oxytocin, a hormone released by the pituitary gland stimulates the release of chemical messengers in the heart. Oxytocin, which is essential during birth, stimulating contractions, and during lactation, stimulating the ‘milk ejection reflex’, is also involved in other ‘loving behaviors’. “It is noticeable that whatever the facet of love we consider, oxytocin is involved.’ Says Odent. “During intercourse both partners – female and male – release oxytocin.” One study even shows that the simple act of sharing a meal with other people increases our levels of this ‘love hormone’.2

The altruistic oxytocin is part of a complex hormonal balance. A sudden release of Oxytocin creates an urge toward loving which can be directed in different ways depending on the presence of other hormones, which is why there are different types of love. For example, with a high level of prolactin, a well-known mothering hormone, the urge to love is directed toward babies.

During birth there is also an increase in the level of endorphins in the fetus so that in the moments following birth both mother and baby are under the effects of opiates. The role of these hormones is to encourage dependency, which ensures a strong attachment between mother and infant. In situations of failed affectional bonding between mother and baby there will be a deficiency of the appropriate hormones, which could leave a child susceptible to substance abuse in later life as the system continually attempts to right itself.3 You can say no to drugs, but not to neurobiology. Human brains have evolved from earlier mammals. The first portion of our brain that evolved on top of its reptilian heritage is the limbic system, the seat of emotion. It is this portion of the brain that permits mothers and their babies to bond. Mothers and babies are hardwired for the experience of togetherness. The habits of breastfeeding, co-sleeping, and babywearing practiced by the majority of! mothers in non-industrialized cultures, and more and more in our own, facilitate two of the main components needed for optimal mother/child bonding: proximity and touch.

PROXIMITY, Between Mammals, the Nature of Love is Heart to Heart
In many ways it’s obvious why a helpless newborn would require continuous close proximity to a caregiver; they’re helpless and unable to provide for themselves. But science is unveiling other less obvious benefits of holding baby close. Mother/child bonding isn’t just for brains, but is also an affair of the heart. In his 1992 work, Evolution’s End, Joseph Chilton Pearce describes the dual role of the heart cell, saying that it not only contracts and expands rhythmically to pump blood, it communicates with its fellow cells. “If you isolate a cell from the heart, keep it alive and examine it through a microscope, you will see it lose it’s synchronous rhythm and begin to fibrillate until it dies. If you put another isolated heart cell on that microscopic slide it will also fibrillate . If you move the two cells within a certain proximity, however , they synchronize and beat in unison.” Perhaps this is why most mothers instinctively place their babies to their left breast, keep! ing those hearts in proximity. The heart produces the hormone, ANF that dramatically affects every major system of the body. “All evidence indicates that the mother’s developed heart stimulates the newborn heart, thereby activating a dialogue between the infant’s brain-mind and heart.” says Pearce who believes this heart to heart communication activates intelligences in the mother also. “On holding her infant in the left-breast position with its corresponding heart contact, a major block of dormant intelligences is activated in the mother, causing precise shifts of brain function and permanent behavior changes.” In this beautiful dynamic the infant’s system is activated by being held closely; and this proximity also stimulates a new intelligence in the mother, which helps her to respond to and nurture her infant. Pretty nifty plan – and another good reason to aim for a natural birth. If nature is handing out intelligence to help us in our role as mothers we want to be awake ! and alert!

Touch
“The easiest and quickest way to induce depression and alienation in an infant or child is not to touch it, hold it, or carry it on your body.” – James W. Prescott, PhD

Research in neuroscience has shown that touch is necessary for human development and that a lack of touch damages not only individuals, but our whole society. Human touch and love is essential to health. A lack of stimulus and touch very early on causes the stress hormone, cortisol to be released which creates a toxic brain environment and can damage certain brain structures. According to James W. Prescott, PhD, of the Institute of Humanistic Science, and former research scientist at the National Institute of Child Health and Human Development, sensory deprivation results in behavioral abnormalities such as depression, impulse dyscontrol, violence, substance abuse, and in impaired immunological functioning in mother deprived infants.4 For over a million years babies have enjoyed almost constant in-arms contact with their mothers or other caregivers, usually members of an extended family, receiving constant touch for the first year or so of life. “In nature’s nativity scene, ! mother’s arms have always been baby’s bed, breakfast, transportation, even entertainment, and, for most of the world’s babies, they still are.” says developmental psychologist, Sharon Heller in, The Vital Touch: How Intimate Contact With Your Baby Leads to Happier, Healthier Development.5

To babies,touch = love and fully loved babies develop healthy brains. During the critical period of development following birth the infant brain is undergoing a massive growth of neural connections. Synaptic connections in the cortex continue to proliferate for about two years, when they peak. During this period one of the most crucial things to survival and healthy development is touch. All mammal mothers seem to know this instinctively, and, if allowed to bond successfully with their babies they will provide continuous loving touch.

Touch deprivation in infant monkeys is so traumatic their whole system goes haywire, with an increase of stress hormones, increased heart rate, compromised immune system and sleep disturbances.6

With only 25% of our adult brain size, we are the least mature at birth of any mammal. Anthropologist, Ashley Montagu concluded that given our upright position and large brains, human infants are born prematurely while our heads can still fit through the birth canal, and that brain development must therefore extend into postnatal life. He believed the human gestation period to actually be eighteen months long – nine in the womb and another nine outside it, and that touch is absolutely vital to this time of “exterogestation.”7

Newborns are born expecting to be held, handled, cuddled, rubbed, kissed, and maybe even licked! All mammals lick their newborns vigorously, off and on, during the first hours and days after birth in order to activate their sensory nerve endings, which are involved in motor movements, spatial, and visual orientation. These nerve endings cannot be activated until after birth due to the insulation of the watery womb environment and the coating of vernix casseus on the baby’s skin.

Recall Dr. Janov’s claim that you can kiss a brain into maturity. Janov believes that very early touch is central to developing a healthy brain. “Irrespective of the neurojuices involved, it is clear that lack of love changes the chemicals in the brain and can eventually change the structure of that brain.”

Breastfeeding: Liquid Love
Breastfeeding neatly brings together nourishment for baby with the need for closeness shared by mother and child; and is another crucial way that mother’s love helps shape baby’s brain. Research shows that breastmilk is the perfect “brain food”, essential for normal brain development, particularly, those brain processes associated with depression, violence, and social and sexual behaviors.8

Mother’s milk, a living liquid, contains just the right amount of fatty acids, lactose, water, and amino acids for human digestion, brain development, and growth. It also contains many immunities a baby needs in early life while her own immune system is maturing. One more instance of mother extending her own power, (love) to her developing child.

Limbic Regulation: The Loop of Love
Another key to understanding how a mother’s love shapes the emerging capacities of her infant is what doctors Thomas Lewis, Fari Amini, and Richard Lannon , authors of A General Theory of Love, call limbic regulation; a mutually synchronizing hormonal exchange between mother and child which serves to regulate vital rhythms.

Human physiology, they say, does not direct all of its own functions; it is interdependent. It must be steadied by the physical presence of another to maintain both physical and emotional health. “Limbic regulation mandates interdependence for social mammals of all ages.” says Lewis, “But young mammals are in special need of it’s guidance: their neural systems are not only immature but also growing and changing. One of the physiologic processes that limbic regulation directs, in other words, is the development of the brain itself – and that means attachment determines the ultimate nature of a child’s mind.” A baby’s physiology is maximally open-loop: without limbic regulation, vital rhythms collapse posing great danger, even death.

The regulatory information required by infants can alter hormone levels, cardiovascular function, sleep rhythms, immune function, and more. Lewis, et al contend that , the steady piston of mother’s heart along with the regularity of her breathing coordinate the ebb and flow of an infant’s young internal rhythms. They believe sleep to be an intricate brain rhythm which the neurally immature infant must first borrow from parents. “Although it sounds outlandish to some American ears, exposure to parents can keep a sleeping baby alive.”

The Myth of Independence
This interdependence mandated by limbic regulation is vital during infancy, but it’s also something we need throughout the rest of childhood and on into adulthood. In many ways, humans cannot be stable on their own-we require others to survive. Recall that our nervous systems are not self-contained; they link with those of the people close to us in a silent rhythm that helps regulate our physiology. This is not a popular notion in a culture that values independence over interdependence. However, as a society that cherishes individual freedoms more than any other, we must respect the process whereby autonomy develops.

Children require ongoing neural synchrony from parents in order for their natural capacity for self-directedness to emerge. A mother’s love is a continuous shaping force throughout childhood and requires an adequate stage of dependency. The work of Mary Ainsworth has shown that maternal responsiveness and close bodily contact lead to the unfolding of self-reliance and self confidence.9 Because our culture does not sufficiently value interpersonal relationships, the mother/child bond is not recognized and supported as it could be.

The ability of a mother to read the emotional state of her child is older than our own species, and is essential to our survival, health and happiness. We are reminded of this each time a hurt child changes from sad/scared/angry to peaceful in our loving embrace. Warm human contact generates the internal release of opiates, making mother’s love a powerful anodyne. Even teenagers who sometimes behave as if they are ‘so over’ the need for a mother’s affection must be kept in the limbic loop. Children at this age might be at special risk for falling through the emotional cracks. If they don’t get the emotional regulation that family relationships are designed to provide, their hungry brains may seek ineffectual substitutes like drugs and alcohol.

Children left too long under the electronic stewardship of television, video games, etc., are not receiving the steady limbic connection with a resonant parent. Without this a child cannot internalize emotional balance properly.

Our hearts and brains are hardwired for love, and from infancy to old age our health and happiness depend on receiving it.

As the research keeps coming in and we gain a gradually expanding vision of how mother love shapes our species, we see an obvious need to take steps to protect and provide for the mother/child bond. We can take heart knowing that all the while we carry in our genes over a million years of evolutionary refinements equipping us for our role as mothers. The answers sought by science beat steadily within our own hearts.

About The Author
Cori Young has been researching human development for nearly a decade, and is currently working on a book about birth and bonding. She is also an herbalist, and publisher ofwww.HerbalRemediesInfo.com

In http://www.babiesonline.com/articles/baby/scienceofmotherslove.asp

A Respiração

A respiração é um fenômeno rítmico. Ela se compõe de duas fases, a inspiração e a expiração. A respiração serve como um ótimo exemplo para a lei da polaridade: os dois pólos, inspiração e expiração, formam um ritmo por sua troca contínua. É assim que um pólo obriga o surgimento do oposto, pois a inspiração provoca a expiração etc. Também podemos dizer: cada pólo vive da existência do pólo contrário, pois se destruirmos uma fase a outra também desaparece. Um pólo compensa o outro e ambos formam a totalidade. A respiração consiste em ritmo, e ritmo é o alicerce de tudo o que vive. Apenas podemos substituir com facilidade os pólos da respiração pelos conceitos de tensão e relaxamento (contração e descontração). Essa correlação entre inspiração/contração e expiração/descontração se torna muito visível quando suspiramos. Existe um suspiro de inspiração que leva a contração, e existe um suspiro na expiração que leva à descontração.

No que se refere ao corpo, o fenômeno central da respiração é um processo de troca: através da inspiração, o oxigênio contido no ar é levado aos corpúsculos vermelhos do sangue; quando expiramos, expelimos dióxido de carbono. A respiração abrange a polaridade da recepção e da entrega, do dar e do receber. Com isso, chegamos ao simbolismo mais importante da respiração. Nas palavras de Goethe:

Há duas bênçãos na respiração,
absorver o ar e solta-lo outra vez;
uma nos pressiona, outra nos refresca,
que mistura maravilhosa é a vida.

Todas as línguas antigas usam a mesma palavra para respiração e para designar a alma ou o espírito. Em latim, spirare significa “respirar” e spiritus significa espírito;mais uma vez, reecontramos a raiz de ambas as palavras num único termo: “inspiração” que, literalmente, significa “inspirar” e assim está ligada inseparavelmente a respirar para dentro, ou seja, deixar entrar. Em grego, psyche significa tanto “respiração” como “alma”. Em sânscrito encontramos a palavra atman,  na qual podemos logo ver o elo que liga à palavra germânica atmen (respirar). Na língua hindu, descobrimos também que uma pessoa que atingiuma perfeição é chamada de Mahatma, o que significa, literalmente, tanto “grande alma” como “grande respiração”. Da doutrina hindu aprendemos também que a respiração é a portadora da verdadeira força vital à qual os indianos chamam prana. Na história bíblica da Criação aprendemos que Deus soprou seu hálito divino no torrão de barro que formara e que, ao fazê-lo, deu a Adão uma alma viva.

Essa imagem nos mostra de forma muito bela como é insuflado, no corpo material, no aspecto formal, algo que não provém da Criação, o hálito divino. Somente esse “alento” que transcende o mundo criado é que nos transforma em seres vivos, animados. E ei-nos aqui muito próximos do segredo da respiração. A respiração nem faz parte de nós, nem nos pertence. Não é a respiração que está em nós, mas somos nós é que estamos na respiração. Por meio da respiração estamos eternamente ligados a algo que transcende a Criação. Que está além da forma. A respiração faz com que essa ligação com o âmbito metafísico (no sentido literal: com o que está por trás da natureza) não se desfaça. Vivemos na respiração como se estivéssemos dentro de um útero gigantesco, que se estende muito além de nossa pequena e limitada existência, pois ele é a vida, aquele derradeiro grande mistério que não conseguimos explicar, nem definir que só podemos sentir abrindo-nos e permitindo que flua através de nós. A respiração é o cordão umbilical através do qual esta vida flui para nós. É a respiração que faz com que continuemos fiéis a esse dar e receber.

É nisso que reside sua grande importância. A respiração nos impede de nos isolarmos, de nos encerrarmos em nós mesmos, impede que tornemos as fronteiras do nosso eu inteiramente impenetráveis. Embora, como seres humanos, gostemos de nos encapsularmos em nosso ego, a respiração nos obriga a manter nosso vínculo com o não-eu. Convém tornarmo-nos cientes de que o inimigo respira o mesmo ar que nós inspiramos e expiramos. O animal e a planta também. É a respiração que nos liga continuamente a tudo o que existe. Não importa o quanto o ser humano tente se isolar, a respiração o vinculará a tudo e a todos. O ar que respiramos nos une num todo, quer queiramos ou não. A respiração, portanto tem algo a ver com “contato” e com “relacionamento”.

Esse contato entre o que vem do exterior e o nosso corpo acontece nas vesículas pulmonares (alvéolos). Nosso pulmão possui uma superfície interna de cerca de setenta metros quadrados, ao passo que a superfície de nossa pele mede apenas até dois metros e meio quadrados. O pulmão é o nosso grande órgão de contato. Se observarmos melhor, podemos reconhecer também as sutis diferenças existentes entre os dois grandes órgãos humanos de contato, os pulmões e a pele. O contato da pele é muito direto, é mais palpável e intenso do que o dos pulmões, e depende de nossa vontade. Podemos tocar em alguém ou deixar que nos toquem. O contato que estabelecemos através dos nossos pulmões é indireto, apesar de compulsório. Não podemos impedi-lo, mesmo que possamos não suportar alguém. Uma outra pessoa pode nos fazer faltar o ar. Um sintoma de doença pode muitas vezes ser atribuído alternadamente a estes dois órgãos de contato, a pele e os pulmões. Um abscesso cutâneo suprimido pode surgir como ataque de asma e então, depois que esta foi tratada, surgir outra vez como erupção cutânea. Pois, tal como as erupções cutâneas, a asma também é uma expressão do mesmo problema de personalidade – contato, toque, relacionamento. A relutância em estabelecer contato através da respiração pode surgir na forma de espasmos durante a expiração, como acontece com a pessoa asmática.

Se prestarmos mais atenção ao uso das expressões lingüísticas relacionadas com a respiração ou o ar, descobriremos que existem situações em que sentimos falta de ar ou em que não conseguimos mais respirar livremente. É nesse ponto que começamos a tocar no assunto da liberdade e da restrição. Começamos a vida com nossa primeira respiração; terminamos a vida num último suspiro. No entanto, ao respirarmos pela primeira vez damos o primeiro passo par o mundo exterior, livrando-nos de nossa união simbólica com a mãe: tornamo-nos independentes, auto-suficientes, livres. Toda dificuldade respiratória, muitas vezes, é sinal de medo, medo de dar o primeiro passo rumo à liberdade e à independência. Nesses casos, a liberdade produz o efeito de “nos tirar o fôlego” ou, na verdade, a liberdade de estarem ao ar livre: a primeira coisa que fazem é inspirar profundamente pois, afinal, agora podem respira livremente outra vez.

Até mesmo a expressão ”preciso de ar”, sensação que nos acomete quando estamos num ambiente constrangedor, significa fome de liberdade e de espaço livre.

Resumindo, a respiração simboliza principalmente os seguintes tema:

Ritmo, no sentido de “não só/mas também”
Contração – descontração
Receber – dar
Contato – resistência ao contato
Liberdade – restrição

 
Por  Thorwald Dethlefsen & Rüdiger Dahlke
“A Doença como Caminho”,   p.109  Cultrix

Você tem Medo?

MEDO palavrinha conhecida de todos nós, quem já não teve medo de algo? Inúmeras pessoas sofrem com seus medos, mas poucas são capazes de admiti-los, principalmente para não se sentirem infantis ou ridículas.

Há vários tipos de medos, aqueles que sabemos porque existem e aqueles que nem imaginamos de onde vêm. Nas duas alternativas nos sentimos impelidos a fazer algo. Algumas vezes o medo é tão terrível que algumas pessoas simplesmente travam, como se perdessem as forças para enfrentá-lo. Outros reagem ao impulso agredindo seu provável agressor. As reações dependem de um conjunto de características pessoais onde se incluem sua forma particular de entendimento do mundo e suas características de personalidade influenciadas pela saúde emocional de cada um.

Paradoxalmente o medo nos serve como parâmetro quando está aliado a dados de realidade, nesse caso, damos a ele o nome de cautela, sensatez e até mesmo maturidade. Em outros momentos o medo está relacionado a nossa área da ilusão e da fantasia. O medo do escuro, de baratas, de ratos, ou até mesmo da morte, nasce da mesma matriz, a sensação de fragilidade e da necessidade de se proteger, correlaciona-se a nossa autoestima e às nossas crenças. Mas não podemos esquecer que estamos falando de um sentimento e portanto é dominado pela esfera das emoções e não da razão. É comum ouvir frases do tipo “racionalmente eu sei que a barata nada pode fazer contra mim, mas, é algo mais forte que minha razão, o medo toma conta de tal forma que perco o controle, corro, grito e se não tiver como fugir, chego até a desmaiar”… esses e outros relatos são comuns no consultório quando falamos de medos.

Alguns dos caminhos utilizados para tratá-los em psicoterapia, é a busca de significados associados, geralmente um medo está entrelaçado a uma cadeia de significados. Para facilitar a compreensão imaginem uma cebola: a camada mais visível seria a fonte de temor (barata, bola, bexiga, água, namorar, dirigir etc…), e as outras, até chegar ao miolo seriam os outros significados associados. O núcleo ou o que gerou o problema relaciona-se à sua história de vida, ou seja, os fatos propriamente ditos, captados pelas “lentes” de suas características pessoais, por exemplo, sua forma de vivenciar, perceber e entender os acontecimentos. No Psicodrama utilizamos jogos, trabalhos em grupo, dramatizações e psicodramas internos para atingir esses esclarecimentos, ao passo que se trabalha a percepção de si, o autoconhecimento o fortalecimento da auto-estima, e da autonomia. Fantasia e realidade, mundo interno e mundo externo, são considerados dinâmicamente.

Era prática comum associar medos a “coisas de criança”, ou “coisas de mulher”, subestimando os males causados por esse sentimento e ao mesmo tempo associando um caráter de fragilidade àqueles que o assumissem. Isto fez (e ainda faz) com que muitas pessoas deixassem de falar sobre seus sentimentos e principalmente demorassem para descobrir que os medos podem ser tratados e resolvidos a medida que aprendemos a lidar com eles. Muitos homens sofreram e ainda sofrem com esse preconceito, mas felizmente na atualidade as pessoas estão cada vez mais voltadas a buscar uma melhor qualidade de vida, buscando ajuda para suas questões com profissionais especializados.

O medo é o termômetro humano para a preservação e proteção da própria espécie, quando passamos a evitar a vida (como se fosse possível) por medo de vivê-la, estamos “usando” esse sentimento nocivamente. Portanto se você tem algo que lhe incomoda, qualquer tipo de medo, não importa se for de bichos, coisas, objetos, ou mesmo de se relacionar não deixe de procurar ajuda, pois certamente você estará trabalhando em prol de sua liberdade, transformando sua vida num caminho mais prazeroso e feliz. Considero este tema muito amplo e interessante, neste artigo abordei apenas algumas faces desta questão, existem obviamente outros graus de medo muito mais limitantes como o Pânico e outros tipos de Fobias por exemplo, que abordarei nos próximos artigos

Por Sirley Santos M. Bittu.

Psicóloga Especialista Clínica
Psicodramatista Didata e Supervisora
Terapeuta em EMDR
site www.clinicaselfcare.com

Domingo… Você no Espelho

O fim que se aproxima, a angústia do tempo que se acaba. A iminência do desconhecido e a inevitabilidade do desapego. Quanta coisa acontece no final do último dia!  E nos desesperamos com a visão da morte embutida em nossas despedidas.

Domingo…  últimos momentos de uma jornada de vitalidade e esperança. Em suas últimas horas, quantas histórias…  quanta leveza construída na dança de suas manhãs e tardes ensolaradas, espreitadas pela dor solitária de seus corações desavisados, que lhe penetram a noite, desafiando suas reservas.

Vem assim a ameaça do final quando, irracionalmente, cedemos aos lamentos e aos fantasmas da escuridão dominical. E, assombrados, não vemos, ou não queremos ver, que a festa tem que acabar inevitavelmente. E nos revoltamos.. e nos debatemos como crianças no final da festa, porque nunca sentimos que aproveitamos tudo que podíamos, porque sempre há muito mais a ser sentido, a ser vivido. E alguém nos questionaria: Por que isso agora? Você não teve um fim de semana inteiro pra você? Você nunca está satisfeito? Por que essa irritação? Por que você fica nervoso domingo à noite?”

Certamente estamos cheios de razão. Onde estamos no Domingo à noite? Ou melhor, onde não queremos estar? Não há dúvida que Domingo é um dia como outro qualquer. A única diferença é que somos colocados diante de nós mesmos, de frente para o espelho. E muitas vezes não queremos ver. Mas, o que não queremos ver? O que não estamos dizendo, domingo à noite?

Não o que deixamos de fazer, mas quem deixamos de ser, e que mudanças foram adiadas em nosso fim de semana? Que decisões foram substituídas por nosso comodismo? Quanto estivemos desviando de nos comunicarmos efetivamente com alguém? Quantas oportunidades de tocarmos e sermos tocados profundamente deixamos de ter?

Quantas voltas demos em torno de nós mesmos neste fim de semana? Quanta beleza pudemos entregar sem percebermos, sem arriscarmos? Quanto nos fizemos cegos ao outro à nossa frente, ao nosso lado? Quanto de nós mesmos decidimos continuar sem conhecer? Quanto tivemos nas mãos e quanto deixamos escapar pelos dedos?

E buscamos algo ou alguém para respaldar nossas expectativas e nossas velhas crenças… E queremos manter nossos olhos abertos até o último segundo, na esperança de uma grande surpresa, uma grande novidade que nos alimente a alma, e nos poupe do esforço de encararmos nós mesmos em nosso real tamanho, nossas reais expectativas e sonhos não realizados… que pudessem diligenciar nossos passos de forma consistente na direção de resultados reais, muito além de um final de semana de festa.

E nos entregamos, por fim, à abençoada inconsciência de um sono profundo que nos resgata da arena no momento exato em que já não podemos negar que, na figura fantasmagórica de nossas máscaras, perseguimos nós mesmos com nossas culpas e perdões, cegos e sábios por nos acolhermos em nossas próprias almas, fundindo nossa luz em nossa sombra enfim… retomando  nossa alma, tão longe abandonada por nós mesmos.

por  André Luiz Braga Queiroz
Maio de 2008

A História de Tibério

Tibério era um garoto magrinho e muito esperto, de 8 anos, que gostava muito de subir em árvores! Era chamado de “macaquinho”  pelos seus irmãos e sua mãe. Sua família era muito querida por ele. Mas seus pais eram muito “mandões”! Ninguém sabia ao certo o porquê de Tibério gostar tanto de subir em árvores e ficar lá em cima, entre os galhos, às vezes horas sem fim…

Sempre que seus pais brigavam muito, ele corria pra uma de suas árvores preferidas e lá ficava… até que seu choro secasse… até que tudo parecesse um sonho chato… sentindo o tempo como se fosse mágico que transformasse a tristeza em pequenas lembranças que quisessem ser esquecidas..

Sempre que subia, encontrava lá em cima, seu canivetinho que ganhou de seu avô. Costumava escrever, recortando nas cascas das árvores, algumas coisas de seu coração. Lá em cima, ele se sentia.. ele mesmo. Ninguém saberia o que sentia.. a menos que fosse ágil como ele, muito curioso e magro suficiente para ir até os galhos mais frágeis..

Muitos anos depois, em outra cidade, já com 40 anos, formado em Administração, casado, já com um filho, Tibério estava enfrentando um grande problema. Entrara em uma sociedade com um amigo da família, numa proposta promissora de bastante lucro! Para isso tivera que investir o dinheiro de um poupança que vinha fazendo desde seus 10 anos de idade! Desde o início, o negócio em que se envolvera nunca lhe dera uma alegria verdadeira. Tibério parecia não valorizar muito as questões muito capitalistas. Parecia viver dentro de si, num mundo fora de si. Sabia que seu esforço era por algo que não pertencia ao seu coração. Aquela situação toda o angustiava a ponto de não ver solução pra sua vida. Teria que se entregar… teria que sucumbir às demandas de outras pessoas, numa atividade que lhe roubava toda a energia. Suas forças estavam por entrar em colapso.

Certo dia, recebeu a carta do advogado que cuidara da herança de seus pais desde que eles partiram, cerca de dois anos antes. A comunicação dizia que ele teria direito àquela antiga casa de seus pais, onde ele morava quando criança.

Uma semana depois ele voltava à sua antiga cidade, de sua infância. Emocionado, andou por toda a casa.. por todo o terreno.. olhando cada detalhe do jardim, seus segredos, seus esconderijos… Quando, de repente se lembrou que adorava aquelas árvores! Não pensou duas vezes! Procurou rapidamente alguma coisa na qual pudesse subir até os galhos mais altos! As árvores estavam maiores e mais robustas! Ele sabia que precisava voltar ao topo de seus sonhos!  Sabia que precisava subir novamente até seu coração nos galhos mais altos!
No fundo do terreno, encontrou uma grande escada.. Quando estava subindo seus degraus, algo parecia acontecer dentro do seu peito.. Seus pulmões pareciam prender suas esperanças dentro de si.. Como se uma música emocionante começasse a soar em seus ouvidos… Como se ouvisse, ao longe, crianças cantando… Sentindo o vento em seu rosto como se corresse em direção de braços carinhosos e acolhedores, misturados em suas imagens e risadas da infância. O cheiro das flores de sua árvore o enfeitiçava de esperanças… de reencontrar-se entre seus galhos..

Enfim… tateando sobre o musgo seco dos troncos… na aspereza protetora de seus galhos.. enfim… enfim…… começava a sentir, nos dedos, o relevo das marcas que fizera, seus rabiscos, desenhos.. suas palavras nas pontas de seus dedos… Quando, num momento que se congelou em seus olhos, pode perceber escrito em uma longa fileira de palavras tortuosas que acompanhavam a incerteza de um galho:

“Não vou ligar para o que eles falam, não ligo que eles pensam que eu não sei pensar direito e conseguir as coisas, vou fazer o que tenho aqui dentro de mim, o que estou sentindo agora em minhas mãos, na minha cabeça. Vou ser Agrônomo, de mexer com muitas plantas e sementes, muitos bichos e ser feliz, feliz, feliz sem esse medo que sinto agora só porque ainda sou criança.”

Seus olhos se encheram de lágrimas. Mandara um recado pra si mesmo! Registrado nas árvores que amava, e que agora decidia cuidar. Transformou sua vida, revivendo o que havia escrito 32 anos antes. Recuperou seu sonho, virou mesas, abandonou desafios de seu trabalho, sua rotina, sua prisão. Voltou para o campo, assumiu a casa da sua infância, tornou-se sereno e realizado. E isso não seria o fim…

[qualquer semelhança de nomes e relato terá sido mera coincidência]
Por  André Luiz B. Queiroz
Janeiro 2009